Padre Paulo Ricardo explica a comparação entre Rebeca e a Virgem Maria
e a consequência disso para nós.
São Luís Maria Grignion de Montfort coloca um exemplo, no Capítulo VI do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”,
da história de Rebeca e de Jacó, para explicar melhor a questão de
Nossa Senhora (cf. TVD 183ss). Na história de Esaú e Jacó, inicialmente,
parece uma trapassa. Esaú seria a pessoa que vai ser condenada ao
inferno e Jacó a pessoa que será salva. Rebeca é Maria. Dentro desse
contexto, o que está em jogo é a benção messiânica.
De quem é que vai nascer o messias? Esta é a questão que está em jogo por causa da primogenitura e da benção de Jacó.
Deus fez uma promessa a Abraão e este teve dois filhos: Isaac e
Ismael. De qual dos dois vai vir o messias? É de Isaac que virá a
benção. Este teve dois filhos: Esaú e Jacó. Esaú nasceu primeiro e tinha
a primogenitura. Esta primogenitura não é simplesmente material, a
herança do pai. Ele vai receber a benção e as bençãos, na Bíblia, são
sempre profecias. Quando Isaac pronuncia a benção sobre Jacó, diz que da
linhagem dele é que virá a salvação. Esaú desprezou a primogenitura
quando a vendeu por um prato de lentilhas.
Entendeu porque Esaú é o exemplo da pessoa que vai para o inferno? É a
pessoa que despreza a benção de Deus, trocando o Céu por um prato de
lentilhas. É isso que fazemos todas as vezes que pecamos. Nós trocamos o
paraíso por um prato de lentilhas. Qual é o prazerzinho que você recebe
com seu pecado? Qual é a alegriazinha que você recebe com seu pecado?
Deus está oferecendo o paraíso e você vira as costas. Está entendendo a
comparação? Esaú, era o homem que ia receber a benção e vira as costas
para o Céu. Ele deixa de olhar para o Céu e olha para a terra. Ele é um
homem ligado aos bens materiais, às coisas deste mundo. Ele despreza
primogenitura e isso é uma ofensa ao Isaac, que simboliza Deus.
Jacó ganhou a primogenitura, ganhou a benção, a graça, a entrada no
céu. Mas, para receber a primogenitura ele precisa seguir os conselhos
de Rebeca. Ela diz a ele: seu irmão foi caçar. Chegou a hora da benção.
Vou fazer um guisado do jeito que seu pai gosta. Rebeca veste Jacó com
as vestes de Esaú, colocas os pelos dele. Jacó leva o guisado para
Isaac, que come e gosta do prato. Isaac abençoa e dá a graça a Jacó. São
Luís vê nisso um sinal, um protótipo, um modelo, uma comparação daquilo
que é a função da Virgem Maria. Se você faz tudo que ela diz, como Jacó
fez, ela sabe o que fazer, pois sabe o que agrada a Deus.
Na prática, você vai fazer alguma coisa, vai rezar um terço, você
diz: Mãe, faz você o guisado. Você é quem sabe cozinhar, sabe preparar a
iguaria que agrada a Deus, eu não sei direito o que é agradável a Deus.
Nós nos colocamos na posição de pequenos, de pobreza espiritual. Nessa
nossa pobreza, nas mãos da Virgem Maria, somos modelados por ela. É como
se as vestes que Rebeca coloca em Jacó fossem as vestes de Jesus
colocadas em nós. Ela vai nos vestir, vai nos preparar, vai modelar-nos à
semelhança do seu Filho Jesus.
Tudo que nós temos e somos, já não nos pertence, é dela, e sendo dela
é de Deus. Se você estivesse colocando as coisas nas mãos de uma
criatura ambígua como nós, você teria motivo para ter medo. Pois, em nós
está o homem novo, o filho de Maria, mas, ao mesmo tempo, está o homem
velho, filho da “mãe”. Porém, podemos entregar tudo nas mãos de Maria
porque ela é humilde, e está totalmente nas mãos de Deus. Ela é tão
maleável, dócil nas mãos de Deus, que ela só fará comigo aquilo que Deus
quer. Ela só irá modelar em mim aquilo que Deus quer.
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