segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O ninho ficou vazio



Quando os filhos saem de casa, a maioria das 
mães costuma desabar. Mas é possível se preparados poucos para enfrentar essa nova fase da vida.





Toda família conhece a história. Os filhos crescem e em determinada idade deixam a casa dos pais para construir uma vida independente. A tendência atual é que isso aconteça cada vez mais tarde, mas o fato não muda em nada a reação das mães. A experiência mostra que a maioria delas sofre muito com a separação. Nem todas as mulheres estão preparadas para enfrentar esse ritual de passagem. Em casos extremos, sentem a partida como uma grande perda, como se fosse um luto. Ao verem o quarto dos filhos vazio, ficam abatidas, dominadas por uma tristeza arrasadora, como se usurpassem delas o melhor. "É um sofrimento verdadeiro e muito duro para algumas mulheres", diz Dorli Kamkhagi, psicanalista e gerontóloga, do Grupo de Maturidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Muitas vezes deprimidas e queixosas, elas comumente não são compreendidas nem pelos filhos nem pelo marido. "Esse é um problema grave e quem está em volta deveria tentar ajudar. Trata-se da síndrome do ninho vazio, que se manifesta com mais intensidade nas mães que fizeram das crias o único projeto de vida", afirma a médica.


Não é uma questão de egoísmo ou excesso de amor. Quando os filhos fazem as malas, elas são obrigadas a perceber que um ciclo importante da própria vida, cheio de realizações e boas lembranças, está se encerrando. É a mãe se preparando para ser avó, pois a terceira idade está batendo à porta. Não raro, a saída dos filhos coincide com o período de entrada da menopausa. Se durante a fase reprodutiva a flutuação hormonal favorece alternâncias de humor, no climatério a deficiência de uma das substâncias reguladoras, o estrogênio, aumenta a suscetibilidade à depressão, entre outros sintomas. A avalanche de emoções não pára por aí. Há também uma mudança na vida conjugal. O marido, se ela ainda é casada, torna-se pela primeira vez em anos a única companhia dentro de casa. Se é separada ou viúva, a solidão se apresenta ainda com mais força. "A hora em que o filho vai embora produz um buraco físico e emocional dentro de casa", explica a psicóloga clínica Magdalena Ramos, coordenadora do núcleo de casal e família da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.




Tchau, filhinho

Sugestões para que a mudança de casa dos filhos
não se transforme em uma tragédia doméstica

•Ver a saída como um sinal positivo, de independência e crescimento

•Não transformar a família em seu único projeto de realização

•Considerar essa fase como um período de libertação para retomar antigos projetos

•Imaginar que é uma oportunidade para reaquecer o relacionamento conjugal, viajar e se divertir

•Fazer novas amizades, arrumar um namorado, se estiver sozinha, aquecer a vida social

•Visitar a casa dos filhos, onde eles tentarão impressioná-la com os dotes culinários e a decoração

•Se mesmo assim a tristeza avançar, procurar a ajuda de um terapeuta.


Fonte:http://veja.abril.com.br/especiais/mulher_2006/p_040.html